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Foto do escritorEvandro Debochara

Passageira nega acento em voo e viraliza graças a uma usuária da velha ortografia

Jennifer Castro já acumulou mais de um milhão de seguidores após ser exposta no TikTok

Na última quarta-feira (4), viralizou nas redes sociais um vídeo gravado dentro de um avião expondo uma jovem que havia negado acento em voo da Gol. Tudo começou quando uma senhora ensinava a seu filho que voos têm acentos e pediu a opinião da passageira sentada a seu lado, Jennifer Castro, que discordou, recusando-se a dar acento em voo. Indignada, a mãe começou a filmar a moça, dizendo-lhe que carecia de “educação básica”. 


Logo em seguida, a autora do vídeo dispara: “Só falta me dizer agora que avião também não tem acento!”, sendo mais uma vez contestada por Jennifer: “Não, não tem. Tem til, que é sinal diacrítico”, respondeu a jovem.


Nesse momento, a verborreia da mãe se acentuou: “Toma aqui teu sinal diacrítico!”, respondeu, fazendo sinal com o dedo médio. “Já entendi. A senhora deve ser do tempo em que até piloto tinha acento, né?”, retrucou a passageira. “E desde quando piloto não tem mais direito a acento? Que absurdo!”, retorquiu a mãe. “Bom, piloto não tem mais acento, mas a sua estupidez é acentuada”, disse Jennifer.


Após ser publicado no TikTok, o vídeo se espalhou pelas demais redes sociais, tornando-se objeto de análise de advogados, médicos e especialistas de diversas áreas.


“Voo perdeu acento com a decretação do Acordo Ortográfico de 2009, que aboliu a acentuação das paroxítonas terminadas em hiato de vogais repetidas, como ‘oo’. Por isso, hoje em dia os passageiros não têm mais aquele enjoo acentuado”, explicou o célebre Drauzio Varella, que também é doutor em Linguística Aplicada à Medicina.


“A jovem está certa. O til é apenas um sinal de nasalidade, que serve para indicar a nasalização da vogal onde é colocado. Em português, os acentos, também chamados de sinais diacríticos, são o agudo, usado em ‘aerofólio’, o circunflexo, aplicado em ‘turbulência’, e o grave, para indicar crase”, esclareceu o gramático Luiz Antonio Sacconi, que não acentua o próprio sobrenome, violando uma regra que ensina em sua própria gramática.


“Jennifer tem razão sobre piloto não ter mais direito a acento. Antigamente, era garantido a aviadores o direito a acento diferencial para ninguém confundir esses sujeitos com suas respectivas ações, quando diziam ‘eu piloto’. Por isso os pilôtos viviam assim, sem tirar o chapeuzinho de cima. Mas a Reforma Ortográfica de 1971 tirou deles esse diferencial, que para os outros era só um privilégio, e não um direito”, disse o advogado Galeão Cumbica, especialista em Direito Aeronáutico.


Após viralizar nas redes, Jennifer Castro ganhou mais de um milhão de seguidores e se tornou influenciadora, passando a dar dicas diárias de português no Instagram.

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